segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Capítulo 6- Conflitos

Eu me encolhi. O algodão embebido em álcool nem tinha me tocado ainda e eu me encolhi. Senti vergonha. A Vany perguntou:
-Tudo bem?

Eu assenti com a cabeça. Aí ela perguntou:
-Posso?
Eu assenti de novo. Com a queda no asfalto eu tinha feito um cortezinho acima da sobrancelha e um corte grande na testa. Precisei levar pontos, o que foi o momento mais agonizante que eu já passei em toda minha vida. Foi Pedro quem fez. Ele era o único que tinha sangue frio o suficiente. A gente ferveu água e esterelizou a agulha e o fio. Eu sentia a agulha entrando na minha pele e eu não conseguia nem mesmo ver o que estava acontecendo. O tempo todo eu fiquei lembrando do zumbi no apartamento, com uma agulha de tricô enfiada no pescoço. Depois de ver o machucado maior, a gente foi dar uma olhada no menor. A Vany estava inclinada para frente, eu estava sentado na cadeira olhando para o alto e ela começou a passar o algodão em meu rosto. Ardeu pra caramba. A ideia de ir para uma farmácia fora do Ivan. E fora genial. Tinha uma farmácia perto de onde a gente tinha parado. A Vany perguntou "E agora?" e o Ivan, após alguns segundos, apontou para a farmácia vazia. Mas ela estava trancada. Como não havia ninguém a vista, eu joguei um tijolo na porta de vidro e um alarme soou alto. Ivan logo encontrou e desligou a energia, o que também desligou o alarme. E cada um foi cuidar dos seus machucados, menos eu, que precisava de ajuda.
Foi quando a Vany terminou de limpar meu machucado que eu percebi como estava com fome. Não havíamos comido nada desde que acordamos. Então todos procuramos bebidas, comidas e outras coisas. Sentamos atrás do balcão da farmácia e começamos a comer. Pedro, como sempre, tomava uma garafinha de água mineral e comia um pacote de Doritos. Eu bebi uma lata de Ice Tea da pêssego e comi algumas barras de cereal, que dividi com a Vany. Ivan escolheu uma Coca e chocolates. Então a gente começou a conversar.
-Vocês percebem que a gente tá roubando tudo isso, né?- Ivan comentou.
A Vany deu uma mordida na minha barra de cereal, pensativa: - E se amanhã tudo estiver resolvido?
Pedro riu. Ele disse: -Ninguém vai conseguir provar que fomos nós, é só a gente queimar as fitas de segurança. Mas eu duvido que tudo isso se resolva de uma hora pra outra.
Vany replicou:
-Ué, mas começou de uma hora pra outra.
Ela tinha razão. Fazia até sentido. Mas no fundo, a gente sabia que não ia ser tão fácil resolver as coisas.
-E depois disso? O que fazemos?- Disse Ivan, entre um gole e outro de sua Coca.
-Cara, depois disso... A gente vai ter que começar a tomar mais cuidado. -Eu respondi- Esse vírus acabou de estourar, mas logo logo vão ter milhares de zumbis andando por aí. Essa cidade é enorme...

Todo mundo parou de comer quando eu mencionei isso. Será que eu tinha sido rápido demais? Será que eles já não esperavam isso? Mas daí eu lembrei. Nós estávamos contaminados. Como ia ser? Quanto tempo ia demorar pra gente morrer? Ninguém além de mim estava se sentindo mal. Eu estava com fortes dores de cabeça e sensação de tontura, mas acho que isso acontece depois de uma pancada porte assim. Só podíamos esperar. O silêncio fúnebre foi quebrado por Pedro, que comentou:
-A gente vai precisar de muitas coisas pra sobreviver por aqui. Afinal, a gente não vai conseguir ajuda dos militares enquanto estivermos infectados, vírus ativos ou não. A gente vai precisar de um lugar pra passar a noite. De trocas de roupa. De mantimentos. De armas pra nos defender.

Todos nós ficamos quietos. Eu pensei um pouco e disse:
-Nós vamos voltar lá em casa. E vamos conseguir tudo isso.

Todos eles ficaram estarrecidos, eu continuei:
-É óbvio, quer dizer... Eles vão procurar lá? Eles já estiveram lá, né? A gente só tem que pensar de uma maneira de passar por eles despercebidos. Lá tem facas, cadeiras, raquetes de tênis, panelas, um cajado, estacas de madeira. Pena que a gente vendeu a lança.

Ivan se surpreendeu:
-Uma lança?
Eu ri e continuei:
-É, meu pai tinha uma lança indígena real, feita de madeira maciça, mas a gente vendeu. Não servia pra nada. Bom, lá estão suas malas e temos muitas mais. Poderemos encher algumas de mantimentos, outras de roupa. Outras de outras utilidades, como lanternas, cordas, kit de primeiros socorros.

Todos eles foram ficando empolgados. A gente começou a decidir os detalhes do plano para invadir minha própria casa.

***
Algum tempo depois, a gente resolveu ligar pros nossos pais. Achamos que seria o mais sensato a se fazer. Fora que, alguns estavam extremamente preocupados ou com saudades. Enquanto cada um ligava pros seus pais e explicava para eles a situação, a gente via a fortaleza que a pessoas era desmoronar. Todos choramos, ao perceber que provavelmente iríamos passar um longo tempo sem ver nossos pais. A gente sabia que o bairro inteiro tinha sido isolado. Não tinha como a gente ver eles agora. Após isso, sentamos todos no chão, na seção de cosméticos, de onde tínhamos uma boa vista da porta ao mesmo tempo que ficávamos relativamente escondidos; enquanto conversávamos. De repente, eu resolvi perguntar.
-Qual foi a última coisa que vocês disseram para seus pais? Tipo... Quando vocês tavam com eles.
Pedro tomou a dianteira e começou a falar:
-Eu disse "tchau pai, até mais".
Só depois que as palavras saíram da boca dele que ele percebeu o significado delas. E aquilo afetou ele. Pedro era bastante insensível, ou não gostava de demonstrar os sentimentos, não sei. Mas aquilo afetou a todos nós. E ele se levantou, deu uma porrada na estante de cosméticos que fez vários shampoos caírem, e foi embora. Ficou um silêncio grande enquanto a gente ouvia ele jogando objetos pela loja, num acesso de raiva, frustração e stress. E ninguém culpava ele. Todos nós, no fundo no fundo, queríamos estar aconchegados nos abraços de nossospais e mães, queríamos estar fora daquela situação. Apesar de, pelo lado bom, ser muito massa e algo que a gente sempre sonhou (Matar zumbis!), por outro lado, era real. E a gente não podia parar quando quisesse e nem arriscar a vida tanto assim. A gente não podia pegar um taco de beisebol e sair por aí esmagando crânios como a gente sempre quis. Não, isso era a vida, a gente estava sentindo emoções que nunca imaginamos sentir tão intensamente. E era normal que a gente se surpreendesse uns com os outros ou consigo mesmos. Por isso ninguém reclamou enquanto Pedro destruía a loja. Cada um, dentro de si, se via fazendo a mesma coisa. O Pedro finalmente percebeu que aquilo não era um jogo, que ele podia acabar morrendo ali. Ele finalmente sentiu a mesma raiva que eu dos zumbis. Malditos zumbis. Dava vontade de destroçar cada um deles. Ele se sentou novamente na nossa frente e, com os olhos vermelhos e as mãos tremendo ele disse, com uma voz mais alta do que a necessária:
-Escuta... Eu vou lá fora, por que se eu ficar aqui vocês vão se machucar.
Eu me preocupei:
-Mas e se acontecer alguma coisa?
Ele se levantou e disse, andando para a saída:
-Ai de quem aparecer no meu caminho, zumbi ou humano! Eu volto mais tarde.
***
Acho que passou um tempo até que Pedro voltasse. A gente ficou matando o tempo e foi engraçado como ninguém passou por ali o dia inteiro. Conversamos, tentando nos manter fora do assunto mais assustador, andamos pela loja, jogamos joguinhos como detetive, enquanto ficávamos sempre de olho do lado de fora. Tentamos nos manter calmos e houve uma seção de terapia quando a Vany começou a falar sobre a avó dela.
-Eu vi que ela tinha sido mordida, por isso saí o mais rápido possível de perto do corpo. Eu sei que pode ser maluquice, mas todo mundo já ouviu falar de zumbis...- Ela fez uma pausa enquanto mexia nos cadarços de seu Allstar azulado- E eu liguei uma coisa a outra. Sabia que, se ela voltasse, eu não conseguiria mais fazer nada. Nada. Nem levantar, nunca mais.
Ela começou a chorar e eu abracei ela, enquanto ela despejava as lágrimas sobre meu ombro. Ivan ouvia a tudo atentamente com uma cara de inconformado. Ele achava tudo isso muito injusto. A seção de terapia demorou mais meia hora depois disso, mais ou menos. E aí, quando eram lá pelas 18:30 (Horário de verão), o Pedro voltou. Parecia muito mais calmo, mas ainda assim inconformado. Ele se recusou a falar sobre o que aconteceu na caminhada, menos uma coisa.
-Pelo que eu vi- Ele contou- Os militares estão apavorados. Eu aproveitei pra dar uma olhada neles e eles estavam completamente paranóicos. Eles já evacuaram o prédio do jeito deles, mas ninguém subiu e se recusaram a entrar em qualquer apartamento onde pessoas infectadas estiveram. Então seu apartamento vai continuar intacto.
Nós perguntamos pra ele como ele sabia disso tudo e ele disse que tinha ouvido dos militares. A gente perguntou como e ele não quis dizer, mas disse que eles iriam começar as patrulhas hoje à noite, para evacuar quase o bairro todo. E a gente deveria estar no prédio quando as patrulhas começassem. A Vany disse:
-Não se preocupe. A gente vai invadir hoje à noite.

Capítulo 5- A Fuga

Eu não sei porque, mas a ideia surgiu de repente na minha cabeça. Era tão simples e ridícula. Eu acho que eu vi as pessoas olhando pelas janelas e sabia que estaria seguro enquanto elas pudessem me ver. Se matassem um civil na frente delas, ficaria muito mal na foto pra eles, ninguém mais iria cooperar. Como eu sou ator, isso ajudou pra caramba. Eu simplesmente caí no chão. Não foi fácil, deixar o asfalto bater no rosto de propósito, mas era isso ou a morte certa. Senti o sangue que escorria rápido do meu rosto. Logo os militares se afastaram, não queriam entrar em contato com o sangue. Eu ouvi umas expressões de surpresa dos civis ao redor:
"Oh! Coitadinho!"

Uma frase que eu já tinha lido em algum lugar passou pela minha cabeça naquele momento e eu quase sorri. "A força pode ganhar a luta, mas é o estilo que ganha a multidão". E era a multidão que eu queria ganhar. Alguns ficaram com medo, mas a maioria das pessoas ficaram penalizadas. Estava funcionando. Nenhum militar se atreveu a ir me ajudar, porque havia muio sangue à minha volta. A cabeça é uma das partes mais irrigadas do corpo, provavelmente eu tinha só um cortezinho, mas mesmo uma incisão pequena pode sangrar bastante. Eu lembro de uma vez no meu colégio que um dos meus colegas levantou-se bem embaixo de um extintor de incêndio e bateu a cabeça. Ele pôs a mão na cabeça e quando a tirou, ela estava quase que inteiramente vermelha. Logo todo seu rosto estava coberto de sangue enquanto a gente corria pra enfermaria. Depois de limpo, nós pudemos ver o corte. Tinha mais ou menos o tamanho de uma unha, em comprimento. A anatomia humana é uma coisa interessante.

Eu comecei a me debater, de propósito. Queria aumentar o drama. Claro que eu não tinha avisado meus amigos do plano e eles provavelmente ficaram apavorados. De repente, um militar em um traje de contenção me segurou pelo pescoço e me levantou, meio que correndo, me segurando o pescoço, para a ruazinha na parte detrás dos prédios. "Droga" eu pensei "Eu me debatendo deve ter feito eles pensarem que eu estava me transformando". Se os civis vissem um zumbi, seria o fim da calmaria e da cooperação. Seria o caos. Me levaram para trás para me executar prontamente. Outro soldado foi seguindo a gente de longe, com uma arma semi-automática preparada. Esse que tava me carregando tinha só um revólver. Chegamos ao fim da rua e viramos a esquina e finalmente estávamos fora da vista dos civis. Eles me jogaram no chão quando, eu não entendi porque, a Vany começou a gritar. Ela não tava gritando de medo, ela só tava gritando. Muito, muito alto. Eu estava caído no chão, virado pro lado de onde a gente veio e não conseguia ver ninguém, mas ouvi um barulho de tapa e aí a Vany ficou quieta. Eu comecei a levantar, dor de cabeça muito alta. O militar estava virado para nós, de costas para o outro lado da rua, a arma levantada. O que estava na roupa de isolamento estava ao lado dele, com a pistola apontada para nós. E extremamente perto, por trás deles, um zumbi se arrastava, definitivamente atraído para o beco pelos gritos da Vany. Eles se assustaram quando eu levantei, achando que eu tinha me transformado, mas eu comecei a falar
-Ai, que dor...

Foi aí que eles perceberam que eu tava normal. Mesmo assim eles tinham que nos matar. Eu comecei a falar, tentando ganhar tempo.
-Que merda, desculpa, caras, eu tenho pressão baixa e as coisas só pioram quando eu fico nervoso... É meio psicológico- Eu percebi que o cara na roupa de contenção não era o mesmo que tinha passado o scanner na gente. O outro soldado era pouco mais velho que nós. Devia ter 18 anos. Parecia muito nervoso. Achei que quem sabe eles fossem comprar minha história- Então, cadê as ambulâncias?

Ivan logo se juntou:
-É, cadê as ambulâncias? Cadê o tratamento? A gente vai morrer?

Vany começou a chorar:
-Por que vocês me bateram? Eu estou confusa. Vocês prometeram que a gente ia ficar bem.

O cara da contenção disse:
-Botem as mãos na parede. Eu não quero ninguém olhando pra trás, aconteça o que acontecer!

Foi aí, quando a gente ia se virar de costas, que aconteceu. O zumbi tinha chegado perto o suficiente e escolheu seu alvo: O soldado novo, inexperiente, que definitivamente devia parecer mais apetitoso do que aquela forma humanóide e amarela. O zumbi mordeu o pescoço do soldado, arrancando um pedaço e ele começou a sangrar muito. O outro virou e deu um tiro no zumbi, que continuou vindo pra cima dele. Então ele mirou na cabeça e um monte de sangue jorrou na parede. Aquele zumbi parecia um mendigo, barbudo, com roupas rotas. Ele caiu no chão e o outro soldado começou a agonizar. O soldado mais experiente apontou para a cabeça do soldado mais novo e disse:
-Nada pessoal, amigo. Ordens são ordens.

O outro soldado parecia muito nervoso. Suava, chorava, sangrava. Murmurava o tempo todo coisas ininteligíveis. Então ele fez uma burrice. Algo que eu nunca esperava que um soldado fizesse. Soldados, para mim, eram seres sem sentimento, que eram treinados para cumprir ordens. Provavelmente era preconceito da minha parte. Esse soldado lutou pela vida até o último momento. Ele disse:
-Eu não quero morrer... Eu não quero morrer...

O mais velho disse:
-Calma. Logo logo vai acabar.

O mais novo meteu a mão na arma dele e a levantou com uma mão, gritando:
-Eu não quero morrer!

Encheu o outro surpreso soldado de tiros e depois jogou a arma longe, xingando. Vany começou a chorar enquanto o soldado começou a reclamar:
-Eu nunca quis essa vida... Maldito serviço obrigatório...

Ele estendeu a mão, desesperado:
-Me ajudem...

Eu virei o rosto e comecei a correr para o fim da rua. Não queria pensar nele. Não queria pensar na família dele. Não queria deixar ele para morrer, mas nós tínhamos que fazer isso. Pedro logo puxou a Vany, que foi a mais sensibilizada pelo soldado agonizante. Ivan veio atrás. Logo os outros oficiais estariam ali, seja pelos gritos, seja pela ausência dos dois soldados. Não interessava. Nós corremos pela ruazinha, desabaladamente, corremos o mais rápido que pudíamos para estarmos o mais longe possível dali. Nossa maior preocupação era com os militares, não nos preocupamos em checar por zumbis, mas também não precisava. Por sorte, não encontramos nenhum. Paramos no meio da rua, não haviam carros circulando. Ofegando, as mãos no joelho, nós ficamos quietos por vários minutos. Eu lembrei de que estávamos contaminados. Merda. Esperava que fosse a versão não ativa do vírus. Não podíamos ter sobrevivido tudo isso só pra morrer de repente. Todos nós começamos a sentir o peso de termos deixado o soldado para morrer. Eu senti as lágrimas queimando os meus olhos. Aquele era um ser humano, porra! Ele tinha tanto direito de sobreviver quanto nós. Ele tinha família, sentimentos, gostos, medos, sonhos, desejos. E nós deixamos ele para trás como se fosse carga inútil. "Não," eu pensei "Nós somos seres humanos também. Somos seres naturais. E na natureza, é sobrevivência. Pura sobrevivência. Não existe maldade ou bondade na natureza. Isso são conceitos artificiais e humanos. Nós estamos de volta aos primórdios. Aqui não são as regras humanas que mandam. Nós vamos ter que lutar para sobreviver". Eu me acalmei um pouco, mas percebi que os outros ainda se culpavam um pouco. Pedro, no entanto, estava impassível. Ele viu a gente chorando e então disse:
-Não fomos nós que matamos ele, a gente só não ajudou ele. Mas não tinha o que fazer, acordem! Mesmo que a gente pudesse parar o sangramento, ele estava com o vírus agora, com certeza! Em pouco tempo, iria morrer e nos atacar. Quem matou ele foram os malditos zumbis. A culpa disso tudo é deles, não nossa.

A gente foi se acalmando. Claro que a gente não estava 100%, mas aquilo ajudou pra caramba. Enquanto a gente terminava de recuperar o fôlego, a Vany perguntou:
-E agora? O que a gente faz?

Eu não sabia o que fazer. Não tinha nenhum adulto para nos ajudar. Não tinha ninguém para noz dizer que tudo ia passar e nos proteger. Não tinha ninguém pra responder nossas dúvidas. Não tinha ninguém. Ninguém além de nós, quatro adolescentes comuns: O nerd, o bonitão, a rebelde e o artista. Comuns. E sozinhos. Não sabia o que fazer, não sabia sequer por onde começar. Não sabia como iríamos sobreviver. Não sabia nada. Não tínhamos armas, comida, ou lugar pra ficar. Não tínhamos o mapa da cidade e nem sabíamos pra onde ir. Não tínhamos certeza de que tipo de vírus etava dentro do nosso organismo e nem se a gente podia confiar em alguém. Nós estávamos à nossa própria mercê e sem noção do que fazer. Foi aí que eu me perguntei "E agora?"