sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Capítulo 34- Problemas

Não havia respingos de sangue na parede. Ele levou o tiro deitado. Não havia sinais de mordidas no corpo. Não fora suicídio, ainda mais agora que havia reencontrado a filha. Ele foi executado cruelmente. Um tiro na garganta, sangrou até a morte. Mas por quem, e por quê? Eu suspirei, enquanto olhava para os olhos aguados da Vany.
-Ele foi assassinado. Não sei o motivo.

Ela deixou algumas lágrimas caírem, eu me aproximei, murmurando:
-Vany... Nós... Nós não podemos ficar aqui. É muito perigoso.

Ela me empurrou para longe, dizendo:
-Por que você é tão frio, Hugo?

Eu me surpreendi, dizendo, mais alto do que deveria:
-Eu!?

Ela entrou no quarto de Raquel, onde tínhamos deixado Marina, balbuciando algo sobre não aguentar mais. Eu balancei a cabeça, passando a mão pelos cabelos. Agora essa. Ela queria dizer que eu era frio? Logo eu? Poxa, depois de tudo que demonstrei, depois de ter ajudado não só ela, como a Raquel e o Pedro, depois de ter ficado um tempão mal por causa do Ivan, depois de tudo o que fiz pelo grupo, ela tava me chamando de frio? Frio era quem matou o Ricardo. Filho da puta. Ele num ia ter nem um enterro decente. E tudo aconteceu nesse intervalo ridiculo de tempo, enquanto íamos e voltávamos do mercado. Ivan e Ricardo. E a gente nem sabia se o Pedro e a Raquel tavam bem, o Pedro com aquela perna dele... Não tínhamos pra onde ir. Não tínhamos armas nenhuma, éramos dois adolescentes em clima de tensão cuidando de uma garotinha de 4 anos. Que droga. Mas que não dava mais pra ficar ali não dava. Primeiro roubaram a casa inteira. Agora invadiram e atacaram os três, sei lá porque. Tínhamos que ir pra algum lugar, onde quer que fosse. Resolvemos ir para o lugar onde a Vany ficou qdo se separou de nós. Pouco tempo depois saíamos da casa rapidamente, sem muitas palavras proferidas.