sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Capítulo 9- Preparação

A primeira coisa que a gente percebeu ao chegar ao andar nº 13 foi que a porta estava aberta. Droga! Eu tinha esquecido de trancar, na pressa de descer. E agora a porta estava aberta. O Ivan sussurrou atrás de mim:
-Hugo, por que a porta está...

Antes de ele completar a pergunta, eu interrompi, olhando pra ele com um olhar fulminante:
-Por que você acha, Ivan?

Ivan falou:
-Tá, calma, eu só...

Dessa vez foi Pedro que interrompeu, dizendo:
-Cala a boca, Ivan!

Eu ergui o quadro e encostei na porta, que abriu, fazendo barulho. Encostado nela, eu me virei, quadro em punho, para encarar a ante-sala. Ninguém. Havia um espaço entre os dois sofás que poderia facilmente esconder uma pessoa. Eu pulei sobre o pufe e caí em cima do sofá, erguendo o quadro, mas também não havia ninguém lá. Eu ouvi uma risadinha atrás de mim. Respirei fundo. Ivan foi para a cozinha e eu comecei a seguí-lo. Um dos vidros da porta da cozinha estava quebrado, uma mancha de sangue no chão. Isso confirmava nossas suspeitas: Havia pelo menos um indivíduo na minha casa, aquilo não estava assim quando saímos. Porém, é claro, o que quer que houvesse entrado, também poderia já ter saído. Mas não era bom arriscar. Ivan abriu a porta e, nesse instante, vimos um homem, o vizinho do andar de cima, careca, com a boca cheia de sangue; virando-se para nós. No momento em que entramos na cozinha, soubemos que ele era um zumbi. A Vany gritou. Eu olhei para a pequena gaveta que guardava as facas, que ficava poucos centímetros acima do chão, mas que estava atrás do zumbi. A outra porta da cozinha estava aberta. Eu disse pra eles rapidamente:
-Distraiam ele, eu já volto!

E saí correndo, atravessando a ante-sala, a sala, a sala de jantar e entrando, finalmente, na cozinha. Quando eu entrei, eu vi o Ivan jogando a latinha no zumbi, mas a latinha errou e teria me acertado, se eu não houvesse me abaixado para pegar as facas. Eu puxei a gaveta com tanta força que ela caiu. Eu, ao invés de procurar uma faca, percebi como a gaveta era pesada. Eu sorri e virei as facas no chão. Eu levantei e vi o zumbi sendo acertado por uma "latada" na cabeça, vinda de Pedro. Finalmente a latinha amassou. O zumbi deu um passo para trás e, com toda a minha força eu bati na cabeça dele, dizendo:
-Morre de novo, filho da puta!

Eu ouvi um baque surdo e o zumbi caiu para frente, se soltando da gaveta com um som de sucção. Eu chutei ele, enquanto a Vany tapava a própria boca.

***
Depois de Ivan e eu termos carregado o corpo para fora, nós voltamos e começamos a vasculhar os outros cômodos. Felizmente, não havia nenhum outro zumbi na casa. A nossa primeira atitude ao saber disso, foi trancar a porta e colocar dois sofás na frente dela. Quanto à porta dos fundos já estava trancada e empurramos a máquina de secar e a de lavar para a frente dela. Então a gente se sentou na mesa grande, de jantar, de onde dava para mantermos um olho na porta da frente. Eu peguei canetas e papel e fiz uma contagem das malas: 7 malas, incluindo as que eles trouxeram para passar a noite. Nós encheríamos 3 com comida, 2 com acessórios e outras duas com roupas. Armas não seriam seguras de se levar dentro de malas, precisavam estar à disposição. Quanto à comida, nós escolhemos várias coisas, coisas demais, muita variedade, mas pouca quantidade. Percebemos que não iria caber em 3 malas. Então começamos a tirar algumas coisas que não iríamos comer ou que iriam vencer em pouco tempo. No entanto, eu me envergonho ao dizer que as nossas escolhas não foram das mais saudáveis. Além disso, enchemos algumas garrafas com água.
Era basicamente sorte que o Pedro e o Ivan usassem mais ou menos o mesmo tipo de roupa que eu e nós colocamos várias nas duas malas, optando pelas mais escuras, opacas e resistentes. Para a Vany, a gente iria ter mais problemas. Ela era mais ou menos do nosso tamanho também, mas, bem... Como dizer isso...? Digamos que o busto dela atrapalhava um bocado. A gente ia ter que pegar roupas dela. No Ivan, as roupas serviam certinho e no Pedro ficavam um pouco curtas, mas tudo bem.
Acessórios, a gente conseguiu: Remédios (pra dor de garganta, gripe, dor muscular, etc...), mais um kit de primeiros socorros, tesouras (que também são armas, mas vão ser melhor usadas como acessórios), escovas de dente, lençóis, cobertores, 1 lanterna e relógios de pulso.
Agora, a parte mais empolgante. Como armas, conseguimos 3 facas serrilhadas, 1 faca de cortar carne, 1 faca grande, 1 faca para cortar peru (longa), 2 tacos de Bet's, 1 raquete de tênis, 1 estaca de madeira (Uma escultura de lápis gigante feita por mim no maternal. Nunca soube por que não joguei aquilo fora) e 3 cabos de vassoura. Nós dividimos de maneira que quase todos carregássemos o mesmo peso. A gente não ia sair da casa tão cedo, mas quando a gente saísse, era melhor a gente ir preparado. Quanto a hoje à noite, a gente comeu as comidas que iriam vencer rapidamente, enquanto conversávamos e tentávamos arranjar um assunto que não envolvesse as coisas que estavam acontecendo.