quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Capítulo 13- Más Notícias

Foi aí que eu me lembrei! E o apartamento vizinho ao da Vany? O 1801? A gente não verificou. Não adiantava nada termos limpado o caminho inteiro se, depois, no destino final, a gente pudesse morrer. A gente tava na frente da porta do meu apartamento quando eu toquei o ombro do Pedro e falei pra ele. A gente subiu de volta, começamos a ficar cansados de tanto subir e descer escadas. Eu tentei abrir a porta e, nesse exato momento, um zumbi pulou em mim. Eu coloquei o bastão debaixo do pescoço dele, enquanto senti o chão batendo nas minhas costas. Lutando para mantê-lo longe de mim, eu olhei em volta e vi que Pedro estava engatado numa outra luta com um zumbi. Merda, merda, merda! Se fosse um homem normal, eu podia ter dado uma joelhada no saco dele. Mas isso não ia adiantar de nada. O zumbi começou a babar em mim e eu me perguntei se o vírus podia ser transmissível por saliva, enquanto lutava para me desvencilhar. Eu rolei para o lado e acabei em cima do zumbi, minhas pernas prendendo os seus braços. Sorte. Eu desci o cabo do taco na testa dele repetidamente e, por fim, ele parou de se mexer. Eu ouvi um tiro e fiquei em pé num salto. Militares? O quê? Outro tiro. Não conseguia ver o Pedro, ele devia ter entrado mais pra dentro do apartamento. Eu coloquei a cabeça pra dentro da porta e vi Pedro levantando-se do chão, um corpo com um tiro na barriga e outro no pescoço, jorrando muito sangue, caído no chão. Pedro tinha um revólver na mão. Eu olhei e, atrás dele, tinha um cadáver com um tiro na testa e uma mordida no ombro. Ele disse que achou o revólver na mão do cadáver. Enquanto entramos no banheiro para nos lavar do sangue e da saliva, começamos a conjecturar. Provavelmente o casal tinha uma arma na casa. O homem e a filha foram infectados e viraram zumbis e a mulher não. Ela correu para a arma pra se proteger, mas quem sabe ela não soubesse a usar, ou tivesse faltado coragem na hora de atirar no rosto do marido ou da filha. Então ela foi mordida, mas se matou com um tiro na cabeça, pra impedir que seu corpo virasse um zumbi. Ficamos felizes com o achado. Só tinha 15 balas, mas já era alguma coisa. Pegamos o revólver e fomos novamente para o meu apartamento.
A gente chegou no meu andar e fez a batida secreta. O Ivan veio abrir com cara de enterro. A Vany estava no sofá, com a mão na boca. Rapidamente, a gente percebeu que alguma coisa tinha acontecido. Ivan começou a contar:
-A gente tava vendo TV, com volume baixo. O jornal disse algumas coisas... Algumas coisas sobre a invasão. Coisas terríveis.

Meu coração começou a bater forte dentro do peito. Eu olhei pra Vany, mas ela tava em estado de choque. Eu comecei a falar, mas a voz não saiu. Eu limpei a garganta e tentei de novo:
-O que foi, Ivan? O que eles disseram?

Ele olhou pra mim e disse:
-Não é só mais no bairro. Eles tentaram controlar, mas a cidade inteira foi tomada. A cidade inteira foi isolada.- Eu senti minha vista escurecer "A cidade inteira? Puta que o pariu, isso tá ficando maior do que eu imaginei"- Quem quiser sair deve fazer uma ligação e eles enviarão um time para buscar a pessoa ou pessoas. Eles realizaram buscas na maioria dos bairros, porém sabiam que iam acabar deixando gente pra trás - "Por isso eles não cortaram a eletricidade! Eles ainda vão continuar a transmitir notícias para outros sobreviventes"- Só que, óbviamente, eles vão realizar testes pra ver se a pessoa tá infectada antes de levá-la embora. Por enquanto, a cidade está apenas isolada. Eles conseguiram manter a doença aqui dentro, mas estão discutindo uma solução. Procuram uma cura, cientistas e médicos do mundo todo tão reunidos. Mas...

Eu senti a minha pressão abaixando enquanto eu sentei ao lado da Vany:
-Mas?

Ele disse:
-Se não acharem cura, houveram boatos de uma tal de Operação Arrasa-Quarteirão. Destruir a cidade inteira, não sobra nada.

Eu arregalei os olhos e fiquei boquiaberto. A Vany começou a chorar no meu ombro e eu abracei ela, como se aquilo pudesse protegê-la de tudo. Eu fiquei sem palavras. Pedro começou a se revoltar, gritando palavrões, xingando Deus, Diabo, o mundo todo e mais uns 3. Meu cérebro parecia que tinha parado de funcionar. Eu não conseguia pensar em nada, absolutamente nada. branco, estado de choque.
-Quanto tempo temos?- Pedro perguntou

Ivan respondeu:
-É bastante tempo, temos até os cientistas darem um resultado e, se for negativo, ainda temos mais algumas semanas até aprovarem a operação. E daí até realizarem, deve dar, no máximo um dia ou dois.

A gente ficou em silêncio por um tempo. O Pedro foi se isolar, revoltado. Ivan ficou meio desconfortável, sem saber o que fazer. Eu e a Vany ficamos abraçados, sentados no sofá.

***
No final, a gente decidiu simplesmente continuar o que a gente tava fazendo. Resolvemos limpar o prédio, dessa vez de baixo pra cima, desde a garagem. Duvidamos que haveria algum zumbi na garagem, mas quem sabe a gente achasse alguma arma. Eu e o Pedro descemos lentamente as escadas. Vimos vários relances de portas meio abertas, mas, felizmente, não encontramos nenhum zumbi. O Pedro deixou o revólver comigo, porque eu tinha melhor pontaria. Então meu taco de beisebol ficava numa mão enquanto o revólver ficava na outra. Não daria pra usar os dois ao mesmo tempo, mas ficaria mais fácil de trocar. Se eu visse um zumbi longe, largava o taco. Se um zumbi chegasse perto, taco na cabeça. Prático. A gente desceu e chegou à garagem. E foi aí que a gente descobriu por que os militares deixaram tantos zumbis perambulando no prédio. Foi aí que vimos as coisas que seriam causa dos nossos pesadelos por anos ainda. Foi aí que sentimos o maior medo de nossas vidas. Foi aí que se abriram as portas do Inferno