quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Capítulo 17- Chegadas e Partidas

Eu nem sabia o que estava fazendo. me movia mais rápido do que jamais consegui. Em pouco menos de 3 segundos, estava com a Vany. A primeira coisa que eu vi foi ela. Ela estava se desvencilhando de um zumbi. Além dela e do zumbi, outros seis se encontravam ali e mais entravam por um rombo na parede, local em que antes havia uma porta. Eu estava quase desarmado. Apenas as facas. Na verdade, duas facas. Eu saquei as duas e, com um pisão no peito de um dos zumbis mais próximos, entrei na batalha.
Eu enfiei a faca na cabeça de um dos zumbis e virei-me para o outro lado para esfaquear outro. Então eu senti mãos em meus ombros me puxando e outras no meu braço esquerdo. Com um tranco, soltei meu braço esquerdo e, usando o impulso que o zumbi que estava me segurando deu para frente (provavelmente para me morder), dei uma cambalhota. O zumbi ficou parado no chão, completamente confuso, enquanto eu, desajeitado, acertei sem querer as pernas de outro zumbi, que caiu em cima de mim me prendendo. Eu coloquei o braço entre ele e eu e ele se afastou para dar um bote no meu pescoço. Eu fui mais rápido, colocando a faca no caminho dele, fazendo-o perfurar o pescoço. Ele não "morreu", mas parou. O que me deu tempo o suficiente de empurrá-lo com força para longe. Legal, eu só tinha uma faca. Eu me levantei. Mais e mais zumbis continuavam a entrar pelo rombo da parede. Estava no meio deles, mas eles também estavam distraídos com a Vany, o que me dava uma chance. Então surgiu a salvação. Um tiro passou ao lado de um zumbi, o que chamou a atenção de muitos deles. Pedro, apoiado em Ivan, atirava com o revólver, acertando poucos tiros. E então as balas acabaram. O Pedro puxou a faca longa e, meio abraçado em Ivan, começou a cortar para todo o lado. Aí a gente ouviu um resmungão:
-Merda!

Era uma voz masculina, adulta. E então ouvimos mais tiros. Uma explosão média. Eu senti meus tímpanos doerem. Vany correu para a cozinha. Ivan, com o braço livre, atacava os zumbis com o cutelo, mas parou ao ouvir a explosão. Todos os zumbis viraram-se para o lado da explosão e eu aproveitei a chance para enfiar a faca em no mais próximo, que caiu no chão. Outra explosão e aí uma voz:
-Andem, venham! Eles vão se juntar em pouco tempo, porra!

Foi só aí que eu percebi que era alguém do lado de fora. Eu olhei e vi uma pequena multidão de zumbis e um buraco na multidão. Era a saída. Do outro lado do buraco, a alguns metros de distância, um homem adulto, alto, vestindo o que parecia ser uma camisa social e calças jeans, atirava nos zumbis nas laterais do buraco, afastando-se a cada tiro. Corri para fora o mais rápido possível. Pedro e Ivan seguiram lentamente e eu voltei para ajudá-los a manter os zumbis longe, com empurrões, chutes, trancos e outros golpes pouco ortodoxos. O homem atirava nos zumbis com uma perícia enorme e Ivan e Pedro cortavam qualquer um que se aproximasse demais. Eles passaram pelo buraco, dificultosamente e começamos a caminhar rapidamente para longe daquilo. Nós andamos e chegamos até o homem. Ele virou e começou a correr, dizendo:
-Venham, vamos!
Corremos atrás dele. Aí eu falei:
-Peraí! Cadê a Vany?

Ivan e Pedro ficaram em silêncio. Ivan chegou a abrir a boca pra dizer alguma coisa, mas pensou melhor e ficou quieto. O homem resmungou:
-O quê? Tinha mais alguém com vocês?

Eu parei e comecei a voltar, dizendo:
-Eu tenho que voltar

. Ivan encostou em mim com a mão e eu a joguei pra longe. Foi aí que eu ouvi o homem dizer:
-Ah, mas nem fudendo

E eu senti ele pulando em mim e me prendendo com facilidade com seus braços. Eu comecei a falar:
-Não, a Vany não pode ter ficado, eu tenho que buscar ela!

Ele segurou pelos ombros dizendo:
-Quem? Quem é essa?

-A Vany é... É a nossa amiga- Eu disse, lágrimas queimando os olhos- Eu tenho que voltar! Eu tenho que voltar! Ela está desarmada!

Ele apertou mais forte, dizendo:
-Você tá maluco? Aquele lugar tá cheio de zumbis, depois da explosão enorme que teve aqui, cada zumbi do bairro deve estar vindo pra cá. A gente tem que fugir! Não há tempo a perder!

Eu tentei me soltar dele, dizendo:
-Não interessa, eu tenho que salvar ela, eu não posso deixar que...

Só aí eu percebi o quanto ele estava estressado. seu rosto mostrava uma expressão de raiva pura. Ele me soltou. E depois me acertou com a empunhadura da arma na cabeça. E aí ficou tudo preto.