domingo, 20 de dezembro de 2009

Capítulo 11- Inexperiência

A gente dormiu de um jeito engraçado. O Pedro só dormia no meu sofá, não interessava se tinha cama, travesseiro, coberta, não... Ele só pegava no sono naquele sofá. O Ivan dorme no chão, em cima de um colchão e a gente ficou arrumando a cama dele, depois de escovar os dentes. Era engraçado como, nessas situações, a gente lembrava de ser responsável, porque ninguém mais seria responsável por nós. Se quiséssemos sair saudáveis dali, a gente tinha que fazer essas coisas.
Eu e a Vany ficamos no meu quarto, conversando. Eu tinha arrumado uma cama no chão pra mim e tinha deixado ela ficar com a minha cama, porque era mais confortável. A gente ficou conversando um tempão até que ela pegou no sono, enquanto eu falava algo sobre teatro. Eu comecei a rir quando percebi que ela tinha pego no sono e cobri ela delicadamente, depois me deitando e dormindo também.

***
No dia seguinte, após nos fartarmos com um pedaço de pizza que havia no congelador, nós começamos a nos preparar. Eu e o Pedro distribuímos as armas assim: Eu fiquei com 1 faca serrilhada (presa num cinto), 1 taco de Bet's(na mão), 1 raquete de tênis (presa nas costas mal e porcamente com outro cinto) e 1 cabo de vassoura (também preso nas costas). Pedro ficou com 1 taco de bet's (na mão), 1 cabo de vassoura (nas costas), e a faca pra cortar peru (mais ou menos 30cm de lâmina, na outra mão). A gente terminou de nos arrumar e fomos para a sala, aonde encontramos o Ivan e a Vany. Eu abracei o Ivan e o Pedro abraçou a Vany. Não pude deixar de sentir ciúme, mas tudo bem. Depois a gente trocou e a Vany sussurrou no meu ouvido:
-Hugo, em caso de vocês não voltarem- Ela começou a chorar enquanto tentava continuar, mas eu a interrompi olhando em seus olhos e secando uma lágrima.
-Nada disso, o que você devia dizer é: Até logo.
Ela sorriu e disse:
-Tá... Até logo.
Eu olhei para o Pedro e apertei a mão dele, dizendo:
-Vamos caçar zumbis.
Tem vezes que eu faço umas coisas que me surpreendem, lembrando agora que eu tô escrevendo, eu só posso dizer: Foi a despedida mais massa que eu já fiz na minha vida! Hahahahahahaha...
***
Eu e o Pedro resolvemos não criar confusão, éramos nós dois que tínhamos mais ódio dos zumbis. Portanto, a gente não ia fazer de cada morte um evento, não iríamos chorar nem nada assim. Aquelas pessoas já tavam mortas, a gente só ia acabar com uma ameaça. A gente resolveu começar pelo apartamento mais importante: 1802, o apartamento da Vany, porque assim a gente poderia mandar os dois lá pra cima pra eles já começarem a arrumar as coisas de lá. Nós subimos e encontramos a porta aberta. Merda. A gente tinha esquecido de fechar também. Droga! Agora o zumbi da Dona Valquíria poderia estar em qualquer lugar. Então nós começamos a vasculhar o apartamento e, no quarto dela, nós a encontramos, do pior jeito possível. A gente não tava tomando muito cuidado, então a gente abriu a porta completamente desprevenidos. Ela pulou em cima do Pedro, que quase levou uma mordida, ela estava caída em cima dele, que estava de costas pro chão. Eu peguei a faca serrilhada e enfiei com força na parte detrás da cabeça dela e no mesmo instante, ela parou e caiu, se debatendo debilmente, enquanto Pedro a empurrou para o lado. Eu chequei ele por mordidas, mas, Deus sabe como, ele não tinha. Não sabíamos como nos livrar do corpo, porque a Vany não ia querer ver o corpo da avó. Daí o Pedro teve a ideia:
-Vamos jogá-lo pela janela.
Eu dei de ombros "Por que não?", pensei. E assim, nós pegamos o cadáver que ainda se debatia e o atiramos, com dificuldade pela janela. Foi só aí que eu lembrei.
-Merda! Esqueci de tirar a minha faca!
Bom, não era exatamente um problema, mas foi uma arma descartada. Droga, a gente tinha que tomar mais cuidado. O Pedro quase tinha levado uma mordida. Perdemos uma arma à toa. A gente ainda era inexperiente nisso. A gente ainda era, acima de tudo, apenas adolescentes. Nos próximos andares, nós teríamos que levar essa "caça-aos-zumbis" mais a sério. Se não, quem sabe a gente nunca retornasse ao meu apartamento.